quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Conto 2. Victorious. Justiça nos tempos do Messias



Conto 2
 
Victorious. Justiça nos tempos do Messias

"Dizem que Victorious é um guerreiro de Deus, uma criatura sem mácula, um ser que não conheceu o pecado, por isso corre pela areias do tempo, sem ser golpeado pela morte. Outros acham ser um anjo, um guerreiro de casta inestimada que foi inculbido de nos proteger físicamente... Tem quem diga que Victorious pactuou com o reino das sombras e por essa razão a morte não lhe pertence!... Eu, particularmente não compactuo desse último pensamento, penso mesmo que Victorious seja um guerreiro do Criador, um ser distinto, porém, humano... que realmente não bebeu no cálice do pecado e por essa razão domina o tempo, fazendo deste, um refém! ‘’
(escriba judeu do primeiro século da era comum, sobre a lenda do guerreiro Victorious)
Jerusalém. Ano 34 EC.
O cheiro do balsamo exalava das barracas, se misturando com o aroma das oliveiras...
A terra santa se tornara covil de salteadores, comerciantes, aristocratas, soldados e mercenários! Esse cenário comercial contrastava com o sentimento mistico que envolvia aquele solo sagrado, que já fora pisado por tantos profetas. O templo de salomão era a memória física para os puros. Já os soldados romanos, eram a realidade para os menos abastados! Eu sabia muito bem o que me trazia a essa parte do mundo - vingar a morte de meu ‘irmão’! Sem rodeios, indaguei a um soldado romano:
- Onde encontro Pôncio Pilatos?
- O que quer com o Governador, insolente?
- Tirarei a vida de ‘sua magestade’, soldado. - Emendei.
O homem, covarde, preferiu não me agredir, talvez pelo fato do meu dorço pesar o dobro do dele... Resolveu assim chamar os guardas que patrulhavam as ruas.
- Guardas, guardas, levem esse homem. - Ele ordenou aos gritos.
Naquele momento começara meu plano!
Fui jogado na masmorra com alguns andarilhos, salteadores e traidores! Como castigo me impuseram a luta – clandestina - nas arenas, era tudo que eu almejava. Aguardei até que descem mais instruções, só que elas não vieram, fui conduzido em uma carroça por alguns quilômetros, até uma arena improvisada. Após a primeira luta do dia jogaram um corpo decaptado ao meu lado, mandaram que eu o puxasse para fora do campo de ‘abate’... Quando chegou minha vez percebi que enfrentaria, não um, mas dois oponentes, onde só o vencedor sairia com vida!
Como não havia suma importância, só quem acompanhava as ‘pequenas’ lutas eram soldados e generais, - quando achavam que estás seriam interessante -, fora estes, os outros eram; comerciantes – com interesse em comprar escravos guerreiros - e alguns moradores sem mais o que fazer... Deram-me uma pequena espada, enquanto para os outros dois, deram; uma espada maior para um e uma corrente com uma bola de aço de ponta cheia de espinhos – uma espécie de mangual – e ainda uma lança, para o outro.
- Antes de matar o Governador, primeiro tente matar esses homens, forasteiro insolente! - Chacoteou o soldado que me prendera!
- Sim, é isto que farei, soldadoo! - Balbuciei.
O primeiro oponente cometeu uma falha logo no início, veio a passos largos em minha direção e sem titubear, atirou sua lança em minha direção, pelo chiado cortando o vento percebia-se a velocidade do disparo, mas como disse, foi um erro crasso. Quando todos silenciaram e fitaram os olhos na minha rápida morte, simplismente me abaixei, flexionando uma de minhas pernas e olhando para o oponente, ergui rapidamente a minha mão pegando a lança a dois milimetros da parte que continha o aço cortante!
- Seu erro lhe custará a vida, guerreiro! - Disse em um tom de voz 'sério, porém, sereno'.
Todos pararam, o duelo ganhara a atenção dos que se achavam importantes, ali presente!
Corri, e quando me aproximei do tolo, agora sem lança, saltei alto, disparando minha lança no tornozelo do oponente. Seu grito pode ser ouvido à quilômetros de distância. Então, com ele, ali colado ao chão, só tive o trabalho de pousar do meu salto cravando a pequena espada na clavícula do fétido ladrão de templos, pois era isso que ele escolhera ser.
Sem armas em punho fui em direção ao segundo homem, este tinha a minha estatura, e para tornar as coisas mais difíceis, tinha um açoite de ferro e uma bela espada empunhada na cintura. Girando a corrente sobre sua cabeça, aquela esfera de aço com pontas que mais pareciam navalhas, fariam um estrago que iria desde esmagar cranios até a cortar a carne de fora a fora. Quando o meu oponente terminou de girar sua arma, ele soltou-a em minha direção, por muito pouco não decepa meu braço... Quando menos esperei, ele correu, veio em disparada com sua espada, e no primeiro ataque dele, pulei para trás, e assim de deu por mais uns vinte golpes sem intervalos... Mas o sábio vence o touro forte pelo cansaço, então, após o ataque de fúria veio a fadiga... nele, e não em mim. Em seu último golpe de desespero ele fincou sua espada no chão tentando me acertar, golpeei o grande homem com uma joelhada em seu maxilar, dos aredores da arena ouvia-se o os estralos dos ossos do queixo se quebrando, e antes mesmo dele cair no solo, lhe acertei um soco no peito com tanta força, que era fato que um dos ossos que lhe protegia o coração se quebrara, causando uma hemorragia fatal no gigante, assassino corrupto.
Pronto! Agora o povo tinha um novo 'herói'. O homem que jurara a cabeça de Pilatos. Pronto! Agora os Romanos tinham uma diversão... um gladiador para distrair os nobres! Eu estava cada vez mais perto do meu objetivo!
No exato momento que descontrai meus musculos, - do soco fatal que dei no oponente - pude notar que cerca de trinta guardas já miravam suas lanças para mim, como forma de defesa do Império Romano, sobre aquela terra, afinal temiam que um só forasteiro derrubasse a fortaleza Romana, situada na terra santa!
- Acalmem-se homens, esse guerreiro sabe que o que acabou de acontecer aqui foi épico, e ele merece viver... e lutar por sua liberdade, não é guerreiro? - Indagou um general condecorado!
- Minha liberdade a terei quando bem quiser... - Preferi não continuar na afronta! - Quanto a lutar... vejo com bons olhos isso! Ganhei aquele homem! Ele queria um guerreiro, e eu a minha 'luta'.
Ao vir de encontro comigo, perguntou meu nome, onde disse: - Victorious, esse é meu nome! E imediatamente abaixei minha mão direita, a qual o ‘aristocrata político’ tinha erguido, indicando minha vitória! Saí da arena aos gritos desarmoniosos de "Victoriou, Victorious, Victorious..." Mas não existia fama, nem oponente para um Guerreiro-herói na terra santa, por isso... Fui levado à Roma!
Da terra santa ao Coliseu
Já na entrada da ‘cidade eterna’ fui recebido com uma mistura de desdém e saldações, minha pequena fama de uma luta apenas, chegou  a boca do povo e do senado, agora o circo estava completo!  A vida de um gladiador não era boa como a do senado, nem tão ruim como a dos escravos. Tinhamos roupas e alimentos, treinamento corpóreo e umas poucas distraçoes que eu não tinha nenhum interesse, pois meu foco era a cabeça de Pilatos! Homens truculentos viviam às sombras de um império, meramente distrações. E a liberdade?... Não passara de sonho!
Minha primeira luta no Anfiteatro (Coliseu Romano)
60 mil pessoas, esse era o numero aproximado de rostos que estavam ali, prestigiando o combate e apreciando a desgraça alheia! Onde, de um lado estava um gladiador invicto, que seria ‘liberto’ após sua vitória – o gigante Cômodo. Do outro lado - o ‘desconhecido’ Victorious. Não, eu não precisava de fama, eu não almejava a fama, então, tudo estava do modo como deveria ser! Centralizados na arena, lá estavam, Pôncio Pilatos – o governador -. Senadores, bajuladores e um General, todos cercados por marmore esculpido, poutronas requintadas e tecidos importados do oriente...
Por saberem que eu desejava a cabeça do Governador, me deram como adversário o gigante Cômodo e uma fera - um cão gigante, sedento e faminto. A arena clamava ‘Mate o forasteiro, mate o forasteiro...’ A fera veio primeiro, salivando apetite pela sua presa, ela saltou buscando minha traqueia, protegi com uma armadura de braço. Senti suas presas transpassarem sobre minha pele, mesmo protegida pelo metal. Enquanto a fera tentava rasgar o metal e minha carne, esmurrei seu crânio, o que fez com que suas presas se quebrassem na parte da armadura. A fera, agora, passara a ser presa fácil, e com muita força agarrei em sua coleira, girando-a por três vezes e jogando-a sobre seu dono 'covarde'!
Ele, com seus pouco mais de dois metros e uns 130 kg não se esquivou do cão, mas preferiu permitir o choque do animal com seu escudo, permitindo a todos os presentes na arena que ouvissem o estraçalhar de ossos se misturando com o grito de dor do cão, já se definhando. O gigante veio correndo em minha direção e sua fúria era tanta, que sua espada, já feita refém por ele, me acertou no escudo com tanta força que trincara o mesmo de fora a fora, condenando este a talvez não resistir a mais um golpe sequer.
A arena se inflamou quando percebeu que a espada do gigante acabou com meu escudo, e aos gritos, pediam minha cabeça. A grande maioria eram quase sempre passivos a torcerem para aquele que estava em vantagem - queriam mesmo era ver mortes -. O grandalhão, inflamado pelo calor do povo, decidiu então que era hora de acabar com o combate, cerrou os dentes, correu e saltou, golpeando o ar em um movimento mortal. Desceu junto com o brilho do sol, numa brilhante jogada, onde eu, sem poder enchergar através do clarão, fiquei exposto ao seu ataque. Então, quando o gigante desceu, eu cruzei meu escudo, calculando que dessa forma ele resistiria à espada, que com o giro, diminuiria as chances do escudo se partir de imediato, pelo segundo impacto na mesma posição... A força do golpe foi tamanha que o escudo... me protegeu, porém, se partiu em quatro partes. Então, sem defesa, usei um clichê das arenas, soltando os pedaços do escudo, girei, pegando comigo um punhado de areia na mão e jogando nos olhos do grandalhão, o que era pra ser uma boa vantagem, não me deu mais do que poucos segundos para eu me organizar. mas era só o que precisava, como o homem era muito grande, calculei sua lentidao em executar o golpe com a espada.
Parei. Não olhei nem pra ele nem para a plateia. Dessa forma a afronta o trouxe para mim, o troglodita veio babando. Cravei meu pé de apoio no chão com muita firmeza para ter a força do empuxo necessário, então, quando ele chegou com sua espada cortando o ar sobre minha cabeça, me desloquei numa velocidade 'sobre-humana' para a direita, trazendo comigo meu punho fechado, golpeei o grandalhão no estomago, naquele momento eu sabia que suas entranhas tinham entrado em colapso devido à força do golpe. Mesmo sendo um golpe certeiro e de muita força, o gigante ainda asqueirou sua ira contra mim, porém, agora, eu pegara sua espada após o golpe com minhas mãos. Dei as costas para ele, afrontando-o novamente. Fui até próximo do público. Devagar e arrastando a ponta da espada na areia, fazendo um risco, que pareceu aumentar ainda mais o meu desdém mediante os olhos do oponente grandalhão. Parei novamente, só olhei para a ponta dos pés. Ele, sem arma em punho e com certeza sentindo muita dor em seu abdômen, reuniu sua ira, elevando sua concentração de energia vital, emanada, agora, da raiva. Veio correndo com os punhos dados, seus dedos entrelaçados, estavam prontos para me acertarem, feito uma marreta, esmagando meu crânio... Todos se levantaram ao ver que o grandalhão corria em minha direção e eu pouco me importava, - ainda de costas para o confronto -.
Levantei um pouco minha cabeça e observei uns poucos rostos que valiam a pena na arquibancada, uns com expressão de espanto, outros fechando os olhos, outros faziam gestos de que eu seria degolado... Porém, um menino me observava com aparente admiração, eu via o brilho em seu olhar, ele sabia, só não mais do que eu, que quem venceria aquele combate, não seria o gigante cheio de fúria. O que os outros não sabiam, e nem mesmo o grandalhão, é qua sua aproximação, fazia do dia, noite, com a sua sombra... Vendera muito barato a minha vitória. Cravei meu pé na areia, dessa vez meu empuxo seria pra trás, em direção a colisão, queria um choque com o corpo do gigante. Então, quando o dia virou ‘noite’ pela presença do grandalhão sobre minha cabeça, me projetei de forma muito rápida para trás, colidindo com ele, enquanto seu soco, com as duas mãos entrelaçadas, passava do ponto, devido o meu recuo... Meu dorso se chocou contra o peitoral dele, lhe tirando todo o ar, tanto pela velocidade de chegada dele, como também, pela velocidade e força do meu empuxo contra seu diafragma.
Pronto, venci o gigante furioso... Olhei na direção do garoto, corri os olhos por boa parte da arquibancada, e então minha espada, que tocava o chão, já não queria mais aquele destino, e sim a traqueia e o queixo do grandalhão.  Assim se deu, girei minha espada sobre meu pulso e ela dormiu na garganta do tolo desprezível. O garoto? Cerrava os punhos, vibrando, comemorando a minha vitória... Apontei para ele, e em seguida para um suporte contendo quatro lanças para uso dos soldados, com o simples gesto, o garoto entendeu que eu queria aquela arma. Ele correu quatro lances de arquibancadas e desajeitado me jogou o objeto que passava a sua altura de tamanho, poucos perceberam a movimentação, aclamados pelo calor do combate.
Enquanto o Anfiteatro (Coliseu) inflamava em euforia, olhei de relance onde estava meu ‘premio’ - Pôncio Pilatos -. Dei quatro passos, como se fosse sentir o calor do meu público, e quando simulei uma saudação, fiz desse gesto, o ato de pegar a lança, então, sem estar olhando para meu alvo – ainda de costas – pressionei os músculos da minha mão direita sobre o frágil cabo da lança, então, com muita força, disparei... 60 mil vozes se calarem! O chiado da lança cortando o vento podia ser ouvido, e então... A lança encontrou o ombro de Pilatos, que ‘comemorava’ a minha vitória, deixando-o preso à sua poltrona. Seu grito causou alvoroço e confusão. Sem mais demora, corri, e do meio da arena, saltei, pousando meu corpo frente ao tirano. Ninguém acreditava no que viam:
- Ele não é humano! - Muitos falavam.
– É um Anjo guerreiro! – Tentavam entender.
- Como pode um homem saltar dessa forma? – Questionavam outros.
- São os Deus nos punindo por nossa tirania! – Talvez esses tivessem razão, talvez!
O general que acompanhava o governador, tentou esboçar uma reação, para protege-lo, mas foi em vão, ao que ele veio em minha direção, lhe acertei um golpe com meu cotovelo direito, rasgando a carne sobre o olho e de tamanha força utilizada, o general veio ao chão, já inconsciente. Pilatos, aos berros disse:
- Você é louco! É um doente!
- Sim, somos todos enfermos, de uma doença chamada... Sanidade! - Completei.
- Victorious, não é? Mas porque veio tirar minha vida, guerreiro, quem é você e quem te enviou? - Bombardeou de perguntas o pseudo aristocrata.
- Sou Victorious! – Quem me enviou? Você não é digno de pronuncia-lo! – E o porquê? Receba minhas honras em nome de meu irmão, o Messias, o mesmo que ‘você’ matou!
Então, coloquei meu pé esquerdo em seu outro ombro, afundei ainda mais a lança cravada no ombro direito, e imediatamente a retirei, trazendo com ela um esguicho de sangue. Pilatos gritou, e seu berro ecoou por toda a Roma, sendo ouvido pelos justos de Jerusalém. Antes mesmo que ele terminasse seu berro de dor, girei a lança sobre meus dedos por sete vezes, a velocidade era tamanha, que ouvia-se o chiado e ao fim da sétima volta, retirei meu pé do ombro do tirano e a lança descansou exatamente na junção do braço com o peitoral, de cima para baixo, acertei a cavidade em sua articulação com tanta força que a lança transpassou sua carne, rompendo ligamentos e lhe ‘tirando’ o braço, que só ficou preso pelo tecido muscular!
Foi seu fim! Duas perfurações, creio eu que representaram muito bem minha vingança, em defesa ao Rei dos Judeus!
Antes que tentassem me matar ou prender, avancei pelo Coliseu, arquibancada acima, e ao chegar ao topo, saltei... Os gritos, sussurros e anseios da grande massa eram cabíveis, quem em plena sanidade saltaria de uma obra que beirava os duzentos metros?
Então, Victorious não foi mais visto em Roma, seu corpo não foi achado e nem souberam seu paradeiro... E por mais um pouco de tempo, dentro do Coliseu o dilema era: Quem seria esse guerreiro; um ser mitológico, um guerreiro enviado do céu, um ser que pactuou com o reino das sombras? Não, aquele povo não era digna dessas respostas!


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Conto 1. Victorious e a batalha contra um ‘Deus’ na terra



Conto 1

Victorious e a batalha contra um Deus na terra

O mar – Mediterrâneo - revolto, apunhalava a proa do navio. As ondas eram vencidas pela invenção do homem, mas não vendiam fácil a derrota. Enfurecidas pela visita do homem terreno, insistiam em golpear o navio, colidindo conosco, feito um búfalo de 800 quilos, da Savana, na África. Eu não olhava para o mar, só ‘via’ os muros de Babilônia, mesmo ainda estando à quilômetros. Meu coração, literalmente, pulsava em minhas mãos, dando o sinal para minha espada – é chegada a hora, Superbia Avaritia, darei a você o sangue daquele que se põe no lugar do altíssimo, você se banhará com o fluído cor de escarlate do que se diz ‘Rei dos Reis’, você dormirá nas entranhas de Nabucodonosor -.

O navio mal atracou e flechas cobriram o céu, fizeram do dia, noite. E como um casco, nossos escudos, juntos, nos protegeram, e quando parou de chover pontas de ferro fundido, ‘voei’ feito um águia e com uma de suas flechas, me apresentei, cravando-a no crânio de um babilônio arrogante.

Após devorarmos o primeiro exercito babilônio, que nos recepcionava à quilômetros do palácio de ‘vossa majestade’, partimos ao encontro de uma nova embarcação, agora, desceríamos pelas águas do Rio Eufrates, este nos levaria até os muros daqueles que dormiam o sono da glória...

O capitão e os outros soldados escolheram por atacar à noite, era óbvio que optariam pela ‘zona de conforto’, mas não Victorious, eu não sou um salteador para atacar ao anoitecer. Por isso deixei que afogassem em seu próprio sangue, pois eu queria afrontar a glória de Nabucodonosor à luz do dia, queimar seu trono, tirar-lhe a vida diante os olhos de seus bajuladores, os babilônios temerão a minha espada, babilônia ‘a grande’ se curvará aos meus pés, bem onde se encontrará a cabeça do seu ‘Deus Rei’, o homem que me tirou tudo, terá no seu fim, um espetáculo público!

O sol não mais dormia quando me apresentei ao palco do meu destino. O cheiro de sangue era agradável aos meus sentidos, de guerreiro. Escravos fugiam... Sentinelas, arqueiros, uns em combate, outros, já combatidos... Ao meu redor tudo ‘parou’ por um instante de tempo, se tornando um cenário totalmente inanimado, enquanto eu fitava os olhos no palácio, - ele está lá, posso senti-lo, sinto também que estou sendo observado, isso é bom, realmente, muito bom!

Entre cravar a espada, golpear com as mãos, escudo e flechas, cheguei ao topo da ‘fortaleza’, onde sinais dos sete pecados capitais eram vistos a todo o instante... Mulheres nuas fugiam... objetos supérfluos, todos em ouro e prata, Deuses pagãos...

Os doze guardas reais foram ‘pulverizados’ por minha brutalidade e sede de vingança. Não perdi mais do que um sexto de hora mandando-os ao sheol. A porta de madeira era gigantesca, toda entalhada à mão, nela havia figuras bizarras, mais pareciam criaturas híbridas ou Deuses não revelados aos mortais... Como repúdio, cuspi em minhas mãos antes de empurra-las com muita força, fazendo-as baterem, derrubando a mobília ‘imperial’, que decorava as extremidades da gigante porta, já dentro do recinto.

Lá estavam... senadores, bajuladores, políticos, conselheiros, um general – patente alta -, concubinas e serviçais... Bem como meu extinto de, agora então... um ‘guerreiro assassino’ preverá...

- Eis a minha plateia...! – ironizei.

- A dizer pelos estereótipos, creio que nenhum de vocês seja Nabucodonosor, ‘O Rei dos Reis... ’ ‘O Deus Rei...’ Talvez já existam outros títulos que representem o tamanho da insanidade de ‘Vossa majestade’, mas confesso não me recordar...

Com este pequeno insulto ao ‘adorado Deus-homem’ – que ainda se encontrava de costas para todos os ‘convidados’, eu me apresentei... - aos que não me conhecem, sou Victorious, e não é por nada que recebi esse nome – Vitorioso -. Assim, girei rápido, me abaixando, com minha mão direita peguei uma lança caída da mobília que derrubei, então, em um golpe de velocidade, maestria e habilidade, lancei... e a ponta de aço dormiu na jugular do General, causando alvoroço na plateia de horrendos bajuladores, mas sem nenhum efeito sobre o Rei da arrogância Nabucodonosor, que por mais alguns instantes permaneceu na sua vista para a carnificina que se instalava lá embaixo, nos muros da cidade.

Então, virou-se para mim, sua expressão era fria e isso era tudo que almejava, não havia medo em seus olhos, e isso era tudo que eu ansiava...

- Ao que percebo, seu eu deixar sua cabeça rolar até os portões de entrada, acabo com esse pequeno insulto de vocês, você é o jovem que lidera essa baderna, creio eu. Por ter chegado até aqui, sozinho ao que me parece, merece uma morte digna, ou se preferir posso lhe estender minha misericórdia e lhe oferecer um cargo dentre os mais altos escravos, serviçais ou quem sabe até ocupar o posto desse general que você acabou de abater, basta você se curvar perante o Rei-Deus Nabucodonosor. – ofertou o Deus homem.

- Não sou as terras que você ‘conquistou’, tão pouco me curvarei ao homem que irei matar dentro em breve, e é uma pena não ter tantas opções para lhe oferecer, sendo assim, só te resta uma morte ‘digna’, que tal se eu descer essas escadarias com seu cadáver se arrastando pelo mármore oriundo do suor de escravos? Talvez isso... acabe com essa bagunça!!! Afrontei o Deus-homem.

- ‘Insolenteeee’, eu sou o glorioso Nabucodonosor, Rei dos Reis, eu conquistei o ‘mundooo’. Esbravejou.

- Não há glória debaixo dos céus que dure para sempre. Afirmei.

Empunhei minha espada e parti em disparada... saltei feito águia, ele, com muita habilidade, rolou por baixo de mim, enquanto minha espada encravava o trono fétido do Deus-homem, sua espada riscava a couraça de aço e couro que protegia meu peito. Qualquer outro guerreiro temeria por sua vida, mas não Victorious! Eu... sorri, apenas... sorri!

- O riso também pode denotar medo, jovem, sabia disso? Lançou a semente do medo no ar, Nabucodonosor.

- Essa ‘regra’ não se aplica a mim, não a Victorious! Devolvi a semente do medo ao Deus-homem.

Feito um leão faminto vi em meu oponente, a presa, nossas espadas se engalfinhavam, soltavam lascas e partículas de metal, imperceptível aos olhos dos mortais.

- Garoto, você morrerá por sua afronta, orgulho e arrogância. ‘Profetizou’ o ‘Rei dos Reis’.

- Se isso não matou Nabucodonosor, o que se julga ‘o Deus-homem’, tão pouco fará à Victorious, seu algoz. Poupe suas palavras, talvez queira usa-las para implorar minha misericórdia. Conclui.

Posicione-me de um modo que mais fazia lembrar um guerreiro da dinastia Zhou, da velha china. Com uma perna semi-flexionada e a outra pronta para me dar o empuxo para o golpe final, feito um guerreiro samurai, mentalizei o ataque, canalizando toda a minha energia vital para a empunhadura da minha espada. Minha espera estática foi uma afronta para o orgulhoso Rei. Ele correu em minha direção feito um leopardo jovem. Somente aguardei. Foi então que o Deus-homem decidiu que o ataque seria aéreo. Nabucodonosor voou feito gavião. E com sua lendária espada, desceu feito um raio, visando crava-la em meu crânio de tanto ódio à minha afronta.

Eu continuei parado, frígido e calculista. Então numa fração de segundos senti no ar, no olhar dele, que Nabucodonosor, que se julga um Deus, estava flertando com o medo. – Porque ele não se move? Fez tudo isso para ser apunhalado tão facilmente? Esse rosto não me parece familiar... espera, não pode ser? Pensou o conquistador do mundo.

Quando Nabucodonosor desceu com sua espada empunhada para baixo, eu esperei, saltando para trás, até que sua lamina, que mais parecia diamante, beijasse minha face, riscando superficialmente meu rosto... nesse exato momento, já no alto, passei minha espada por trás do meu dorso, levando-a da mão esquerda para a direita, e então cravei sua primeira metade na espinha do Rei do mundo.

Enquanto, ele, ainda no alto, ia caindo, eu me projetava para cumprir minha missão na terra, quando fui interrompido pela agonia do Deus-homem.

- Quem é você guerreiro?

- Já me apresentei, sou Victorious e isso lhe basta!

- Então por qual razão você me apresenta à morte?

- Você ‘Rei dos Reis’, me tirou a vida quando arrasou Jerusalém - 586 a.c -, ela só tinha três anos, somente três anos! Você, pessoalmente esteve lá, ateou fogo na ‘cidade’.

- Não consigo me lembrar do seu rosto, e eu nunca me esqueço de um semblante sequer, ainda mais um rosto igual ao seu que mais parece aqueles jovens sonhadores que dá nome as suas espadas, agora me lembro de sua filha, seus pais... Como poderia me esquecer se imploraram por minha misericórdia! Enquanto lançava seu orgulho aos quatro cantos daquele recinto, de sua boca jorrava sangue.

- Eu viajava com uma caravana que trazia alimentos para todos, no fatídico dia, por isso não me recorda, mas não seja por isso, aqui estou eu!

- Helena... esse era o nome dela e depois da perda da mãe no parto, ela, junto com os avós, era tudo que eu tinha...! Ah, e sim, essa mesma espada que dorme nas suas entranhas tem nome... Superbia Avaritia! E assim, pela sua Soberba e Avareza, acaba hoje o seu reinado!!!

Sem dar mais chances ao Deus-homem, rasguei sua espinha de fora a fora, feito um animal, pois foi nisso que o homem me transformou... Foi nisso que a injustiça terrestre me transformou, em um... animal! Pois quando lhe tiram tudo, não existe sentido em ser mais um... humano!

...

Pois bem, como não há glória debaixo do céu que dure para sempre, aguardarei pelo meu quinhão, no juízo final!

          




    

  

 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O anjo apanhador de memórias e o 'louco' por saber sorrir!






Miniconto  

O anjo apanhador de memórias e o 'louco' por saber sorrir!

Eles falaram que eu só iria ficar aqui por três meses... ainda bem que estão muito atarefados cuidando de suas mentiras e vaidades, pois foi só a partir do quinto mês que ele - meu amigo anjo - veio pra conversar... pra me falar que estou no caminho certo! Essa clinica aqui é muito gelada de dia e mais ainda à noite, seus corredores fazem com o eco, meus passos se multiplicarem. As pessoas me chamam de doido, louco, maluco... dizem que falo demais, pior são elas que DIGITAM demais e com suas cabeças baixas, mais parecem zumbi (risos)!!!

Após o jantar - bandeja de remédios - eu sempre apago a luz e deixo uma pequena fresta na persiana da janela pra ver o brilho que emana da sua presença, do seu pouso, isso ocorre geralmente às três da manhã... Ah é, eu ainda não falei do meu amigo pra vocês, né? Ele me disse que é um ‘inspetor’, vem sempre à noite tocar literalmente no peito dos humanos, dessa forma, com seu toque angelical, ele apanha uma cópia de suas memórias e leva para o supremo - o todo poderoso yahweh -! Acho que ele gostou mesmo de mim porque me falou que está garimpando memórias a uns 600 km ao norte...  Ainda bem que ele tem asas, né!

Esse meu amigo é forte feito uma rocha, seus músculos corroboram sua casta e suas lendas, acho que ele não é um inspetor não, e sim um guerreiro!!! Ele parece ter 1.90 metros de altura, por aí... ele mau passa pela janela (risos), sua voz é firme feito um trovão, mas flerta com sua calmaria calculada, o brilho?... parece plasma!

Ele me deixou tocar suas asas - é... esplendoroso, rasga a carne mas de um modo magestoso, parece seda, não consigo definir, é estranho, sai do dorso, parece que dói... acho que eu não quero ter asas! Ele me contou um pouco sobre sua morada no mais alto do ceu... lá tem tipo uma rua cercada por pinheiros, que vai se afunilando na linha do horizonte... na entrada tem pilastras redondas de marmore muito altas, estas, dão as boas vindas com sua imponência. Logo na entrada tem duas escadarias com apoios de mãos que são fundidos em ouro, o lustre mais simples é esculpido em diamantes. Ao fundo o pátio se divide entre jardins pré-fabricados, colunas redondas, talhadas a mão e revestidas em marmore... e cascastas finalizam a grandeza da morada!

Eu queria conhecer lá, mas como não quero ter asas porque acho que dói, concluo que seja impossível realizar esse desejo. Não me lembro o nome do meu amigo anjo, tô confuso por causa dos remédios... não sei se era Miguel, Gabriel, enfim...

Acho que já falei demais né?!!! Eu tô velho... Minha "sanidade" se foi, assim como meus familiares que estão ocupados demais com suas ‘conquistas’ tolas.

Você já viu um anjo? Duvido!!! Afinal o doido aqui sou eu!!! Mas uma coisa é certa, cuide do que venha a ser suas "memórias" na terra porque se no final das contas o louco não for eu, mas sim você, suas "memórias" serão a base do seu ‘julgamento’, será a moeda de troca para uma possivel... continuidade!!!

Bom, era isso... Agora tenho que ir porque já são quase três da manhã e você já sabe né...

FIM


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A cobiça e a solidão





A cobiça e a solidão

 

A vontade dos teus olhos te vende o desejo vago, tolo e superficial.

A vaidade, sem nenhum escrúpulo paga o preço que for te beijando com a luxúria e lhe mostrando que o excesso é ‘normal’!

A vontade dos teus olhos te embebedou o coração.

Teus olhos te mostram o atalho e como uma amiga a cobiça que nunca te abandona, novamente está ao seu lado.

É... A vontade dos teus olhos te roubou... lhe furtou o coração!

E no fim dessa estrada longa te abandonou...

Deixando-te ao relento com sua bagagem de solidão!

 

Crianças






Crianças

 

A fúria dos homens rasga a alma das crianças

Com a necessidade mais dolorosa que possa existir; a fome!

 O orgulho do homem faz sangrar o espírito da criança

Que ao invés de brincar, explorar um mundo de oportunidades e imaginação

Estas, sem energia devido à desnutrição, choram sem ter lágrimas!

 A maldição da política corrupta

Tira recursos, tira sorrisos, tira esperança... Tira a criança de dentro da criança!


Existem coisas na vida que uma criança jamais deveria conhecer: a fome, a desidratação, a mutilação causada pela guerra do homem ‘crescido’, a solidão, o abandono... a violação de seu corpo, do direito de ser criança ‘direito’!

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A criança que é amada faz de uma flor, um jardim, e deste faz um paraíso.

A criança que é amparada faz da companhia, um mundo novo, e deste faz um mundo melhor!
 
Olhe nos olhos de uma criança e se você na enxergar o brilho de incontáveis estrelas do céu é porque ela carece de uma história, de uma fantasia... de um pouco mais de imaginação!

Tire o peso dos SEUS erros dos ombros DELA. livre-a de seus absurdos!
Sim, uma criança não merece o fardo dos adultos!
 
Uma criança carrega em sua alma miríades e miríades de anjos que perambulam por toda a expansão do universo
Então...
Deixe a criança correr, deixe a criança gritar... brincar...
Viver e amar.

Pois criança não voltaremos a ser, mas o somos, quando as deixamos... sonhar!