quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Conto 3. Victorious e a ‘Geração que não passará’




Conto 3.

Victorious e a ‘Geração que não passará’


“Filho, desperte, é chegado a hora, dê um fim a essa guerra, já toleramos uma. Pessoas inocentes, crianças e idosos, estão sendo dizimados, humilhados e mortos de maneira desumana... mas saiba meu filho, alguns de seus ‘irmãos’ não vivem mais na luz, já não são mais a minha imagem. Dê aos ‘justos’ um pouco de alívio, mas te adianto, meu filho, o homem tem se tornado tão orgulhoso que não medirá esforços para abater os que se opõe ao seu orgulho. E vou além, meu filho, talvez seja a hora de você voltar, vejo a dor que cresce em seu coração, conforme passa o tempo e as gerações se distanciam de nós... Pois tem se aproximado o momento de julgar o mundo e o teu relato sobre os homens terá um peso enorme sobre a salvação deles... Ao final dessa jornada, não pense que o mal venceu, não pense que o abandonei, pois cumpriu exatamente a sua missão, filho.’’

Monte Ararate. Leste da Anatólia,Turquia. Era moderna.


- Obrigado por me abrigar - Arca de Noé - por todos esses séculos. Continue assim ‘adormecida’ aos olhos dos impuros dessa geração, siga dessa maneira, coberta de branco, inacessível aos mortais – batendo suavemente em uma tora de madeira envelhecida, de dentro da Arca, o Guerreiro e Porta voz do criador, ‘agradeceu-a’ pelo acolhimento.

...

2 de abril de 1944. Alemanha nazista.

Na Europa, o céu foi cortado ao meio, visível aos olhos da América, o boato era de que aquele rastro fosse mais uma arma voadora nazista, na Alemanha. Já na Alemanha, o murmurinho era de que a estrada de fumaça nos céus, fossem os americanos mostrando suas ‘asas’... Mal sabiam que se tratava do enviado dos céus ‘o filho’ guerreiro do criador, o anjo que viera trazer o alívio aos justos. Sim, era Victorious quem rasgara o céu, voou do monte Ararate na Turquia até as entranhas da Alemanha nazista, causando um abalo na estrutura cósmica, que resultou em um fenômeno físico, visível em boa parte da esfera terrestre.

O centro de Berlim acabara de sofrer mais um bombardeio, tudo estava um caos, os soldados estavam agitados, todo e qualquer rosto ou sotaque que diferissem dos habituais, eram abatidos pelos rifles, de imediato e sem esclarecimento, julgamento ou mesmo motivação – o que também não foi preciso para a tortura aos civis de outras nações durante a guerra tosca -. Quando o Anjo guerreiro, portador de boas novas – para os justos, é claro – pousou em uma viela de Berlim, o solo ao redor de seus pés, teve seus paralelepípedos quebrados e arrancados, estilhaços de concreto, poeira e fumaça, se misturavam ao seu redor, pairando no ar. Todos esses elementos flertavam com a energia que se dissipava, após o pouso.

Uma criança, da janela do segundo andar, viu a criatura angelical ainda agachada, com o pulso direito tocando o solo, enquanto suas asas se recolhiam para dentro do seu dorso, tornando sua figura semelhante a dos mortais. Victorious sentiu naquele momento que o garoto o observava pela fresta da janela, e, sério e complacente, fitou o menino, deixando ele sentir sua admiração juvenil. O pequeno arregalou seus olhos brilhantes, extasiou-se, fechou a janela e correu em direção ao seu pai – um jovem senhor judeu que por um ‘milagre’ passou despercebido, escondido, no coração da Alemanha nazista em plena guerra -.

- Pai, pai, acabou...

- o que acabou, Gabriel?

- a guerra, pai, acabou!

- de onde tirou essa ideia, Gab?

- venha ver, venha, olhe, pai – e abrindo uma pequena fresta na janela não viu nada além da marca do pouso do anjo.

- ele estava ali, pai, veja a marca de onde ele pousou.

-ele, quem, Gab?... E já te pedi para não ficar na janela, quer que nos descubram, filho?

- Pai, era o anjo do Senhor, o senhor sempre me disse que ele viria nos salvar das mãos desses cretinos!

- Gabriel, nunca te ensinamos esse linguajar, então, viva a tua mocidade e fale como uma criança, e sim, o Senhor nos salvará no devido tempo, e quanto a esse buraco na rua, não é nada mais do que uma marca da guerra, agora, vamos... – e fechando a janela, levou seu pequeno ‘sonhador’ para dentro da residência.

“vrummm... chegou sua hora, ‘Fuhrer’, seu cretino, chegou sua hora... toma, puftzz, poww” – disse em voz baixa o garotinho que brincava com seu brinquedo americanizado – Superman -, trazendo o boneco voador em direção a face de Hitler estampada em um jornal local.

.......

Victorious, o guerreiro do criador, deu inicio à sua missão, seguiu por uma rua estreita com prédios abandonados, bombardeados e sombrios. Seu semblante era de alguém sereno e objetivo, não demonstrava medo, mas também não afrontava, assim, seguiu por três quarteirões até cruzar com oficiais da SS – tropa de proteção de Adolf Hitler -, o guerreiro voador havia acabado de avançar o terceiro quadrado de habitação, quando soldados, armados com rifles, atrás dele, lhe ordenaram que parasse.

- pare onde está, homem, isso é uma ordem, ou atirarei em você – esbravejou o soldado, mirando seu rifle e chamando um outro soldado com um aceno de cabeça.

- vire-se para nós – ordenou o segundo soldado que acabara de chegar.

- não tenho nada que ver com vocês, homens, sigam seus caminhos, e rumem para um outro tipo de morte – ainda de costas, a criatura voadora advertiu-os, já sabendo no que daria aquela abordagem.

- quem você pensa que é para nos ameaçar, e onde pretende ir?

- a ameaça só se faz necessária quando se imagina perder a peleja, quando você nota a fraqueza do adversário, já não se trata de ameaças, mas, sim de alerta, dessa maneira, sintam-se, alertados para o que há de acontecer a todos vocês, e quanto ao meu destino, não vejo problemas em revelar, até porque ao que percebo, vocês insistirão em não sair daqui carregando suas vidas! - Estou caminhando à praça de Berlim – finalizou o Anjo portador de boas novas aos justos.

Victorious trajava um casaco preto que tocava até a dobra do joelho, também, uma bota, muito comum do exército alemão da época e uma calça de corte militar – cinza com suportes para armamentos. O dorso do guerreiro parecia querer rasgar o tecido da roupa, devido seu tamanho avantajado. Seu traje lhe permitia ‘esconder’ao menos, um pouco sua estrutura corpórea, que lhe causaria infinitas pelejas naquele tempo, tendo em vista que quanto mais discreto fosse o cidadão, talvez, talvez, passasse mais despercebido aos rifles nazistas.

- rebelde, não seja tolo, sabe em quantos estamos, além, é claro, dos nossos rifles – disse, já gargalhando, um soldado com estatura de médio porte.

- vocês estão em quatorze ao todo, dois logo atrás de mim – você e mais um, mais três distribuídos, um em cada viela, também atrás de mim, e o restante... estão todos no caminhão, fumando seus cigarros e revoltados, de que ainda não deram um fim nisso, tendo que esperar por vocês... ah, estão a ponto de abandoná-los de tanto que demoram – rebateu Victorious, deixando-os encabulados, confusos e amedrontados.

- como sabe de tudo isso, é um espião, não é – engatilhou sua arma, pronto para abater o gigante desconhecido. - acho que você tem algo a ver com o barulho e o rastro no céu, quem lhe enviou? – questionou o outro soldado, também preparando o rifle para abater o oponente.

- espião... Porque são sempre tão previsíveis os filhos bastardos e os rebeldes? E, sim, fui eu quem rasgara as nuvens, ainda há pouco, e quanto a quem me enviou, além de não serem dignos de pronunciar seu nome, de pouco adianta saberem, já que não creem em sua existência, pois chegaram até mesmo a colocar seu tosco ditador, no lugar dele. 

- pela última vez, vire-se e identifique-se, talvez possamos ser generosos em apenas levá-lo preso - concluiu o soldado.

A criatura voadora, ainda serena e concisa, virou-se, dando sua sentença – sou Victorious, e quando se virou, seu casaco, aberto, lhe fez apresentar parte de sua espada, a ‘’superbia avarentia,’’ o brilho dourado refletiu nos olhos dos soldados, que lhe devolveram com medo e estranheza. A espada embainhada na cintura só podia ser vista de frente, viram também que a camisa do guerreiro era em estilo militar, com as cores dos soldados alemães, porém, ainda não era possível ver o brasão no bolso.

- eu vou atirar, renda-se e jogue essa... ESPADA para perto de mim, devagar, vai se abaixando e deite-se no chão – ordenou, entre medo e espanto, o soldado.

Então, o Anjo guerreiro, o gigante que tinha uma missão do criador, começou a tirar seu grande casaco...

- o que pensa que está fazendo, homem. – atira nele, logo – sugeriu o outro soldado que parecia não estar disposto a ser o primeiro a descobrir o que os aguardavam.

Quando Victorious terminou de tirar o seu ‘sobretudo’ preto, os soldados ficaram assustados com o tamanho do oponente. Victorious, de 2.06 metros, tinha os membros superiores maiores que qualquer soldado que já tinham visto na vida, seus braços estavam a um fio de rasgar o traje militar de mangas longas, assim, sua camisa também denunciara o tamanho do peitoral, que mais parecia querer cuspir os botões que o prendiam... dessa forma os soldados flertaram com o medo, e o pavor os acometeu, viram-se frente a um gigante misterioso, então, o gigante jogou o casaco para cima...

Sem entenderem nada, e com muito medo, num rápido movimento os soldados se perderam no gesto do Anjo e começaram a atirar no casaco ainda no ar, foi nesse momento que o visitante do céu, correu mais rápido que o som dos disparos, investiu contra eles, socando o peito de um soldado, lhe causando uma perfuração interna com sua própria ossada quebrada, ainda no mesmo instante de tempo, voou para o outro soldado ao lado, pousando com um forte soco em sua clavícula, descendo até o peito do homem, quebrando-a e decepando seu braço, lhe causando a morte instantânea.

Projéteis começaram a vir em sua direção, eram os soldados que guardavam as vielas que se encontravam bem onde a peleja acontecia.

O anjo guerreiro não querendo perder mais tempo, entrou em um prédio abandonado ao seu lado, saindo de cena, enquanto vinham também os soldados que estavam no caminhão.

- o que houve aq... – meuu Deusss, o que é isso – espantou-se o soldado que desceu a viela disparando a torto, durante o clímax da peleja.

- foram atacados por um animal? – questionou um segundo soldado.

- é o que parece, mas não é o que eu acho, de onde eu estava não o vi, mas ouvi eles, no que me parecia ser uma abordagem calorosa – concluiu o primeiro soldado.

- contate ‘Berlim’, o Fuhrer, precisa saber disso – ordenou, um deles.

...

- senhor, precisamos que veja algo...

- onde eles estavam quando isso aconteceu? Gritou o Fuhrer.

- estavam em uma batida de rotina próximo ao Teatro Municipal, parece um ataque de animal, senhor? Não conseguimos ver, nem entender nada, foi tudo muito rápido!

- imprestaveiiiiiissss, isso que vocês são... esse casaco junto dos corpos – no caminhão – vejam o tamanho, é obvio que não foi um animal, ou animais usam casacos? - Bufava o líder alemão.

- senhor, acha que existe relação com o rastro que vimos hoje, ainda há pouco? – indagou um General de alta patente que acompanhava o Fuhrer na reunião, antes de serem incomodados.

- me liguem com o PA - Projeto Armagedon: a criação de uma fera para vencer a guerra – que ele chamava de ‘meu Armagedon’ como sendo, Hitler, o próprio Deus - agoraaaaaa – berrou, ordenando!

Hitler no auge da sua insanidade, após já ter ganho a ‘carência’ dos alemães, fez barbáries, experiências com humanos e outras atitudes desumanas, criou uma fera – um ser de 3 metros, duas cabeças e quatro braços e pra finalizar sua loucura implantou dois corações na fera, sendo que esta, só seria morta com um ataque instantâneo ao seus dois órgãos pulsantes.

- soltem a feraaaa – berrou no telefone. Que comece o Armagedon, aquele que determinei que acontecesse. – gargalhando, berrou aos quatro cantos da sala de reunião, causando espanto em todos.

- mas, meu Fuhrer, a feraaa? Mas... – espantado, o General preferiu não prosseguir no questionamento.

- vocês, mortais, não enxergam mesmo, não é? – nosso inimigo não se trata de um animal, o oponente não é desse mundo... nem a fera! – e diminuindo o tom, balbuciou – nem eu!

Trouxeram a fera em um vagão do trem, a besta sofria de uma espécie de bipolaridade e em muitas ocasiões matava seu ‘treinador’, mas o Fuhrer a tratava como um filho, e por isso ou por alguma razão que nunca saberemos os dois se entendiam e a fera o aceitava. Dessa forma Hitler entrou sozinho no vagão da besta e cochichou algumas palavras na orelha disforme da fera, em seguida, lhe entregou o casaco do desconhecido inimigo – vá meu filho e cumpra com seus desígnios, encontre seu inimigo, mate-o e arraste-o para mim. Então abriu a porta do vagão ao qual a fera estava encarcerada, e assim que o monstro viu a luz, grunhiu um som horripilante, que fez com que os inimigos de guerra, mesmo a quilômetros dali temessem o pior, por já terem ouvido rumores da insanidade do fuhrer.

A criatura horrenda saiu, puxou todo o oxigênio possível, e em seguida cheirou o casaco do guerreiro victorious, largou-o no chão e disparou para a floresta. Passava feito um búfalo no meio do combate, quando muitos tiros o incomodavam, perdia um pouco de tempo, esmagando e jogando tanques de guerra uns contra os outros. A fera atropelava, saltava, quebrava paredes e parecia não titubear na sua missão, estava indo direto ao encontro do Anjo guerreiro. Rumou para um vilarejo abandonado. Parou. Consultou novamente seu sentido do olfato, olhou para os lados... e então, olhando para a frente viu seu inimigo. O Anjo guerreiro aguardava em uma escadaria do que parecia ter sido uma catedral, o gigante do céu o levara direto para um local abandonado, já sabia da fera e da sua sede por matança, um duelo no coração de Berlim acabaria com muitas baixas.

O monstro de duzentos quilos, salivava, espumando uma gosma esverdeada. Seus dois corações descompassavam as batidas, e eram visíveis aos olhos dos outros, devido a sua anatomia ser desorientada, sua pele ter costuras e irregularidades de estrutura. Então a cada batida, o coração parecia que iria saltar para fora da carne.

O filho do Fuhrer disparou, um dos braços arrancou uma barra metálica fincada no solo, o braço direito foi rápido em tomar para si uma porta de um veículo que estava ainda fixa ao seu conjunto de aço, enquanto seus outros dois braços aguardavam o contato físico com o inimigo para soca-lo sem parar. A fera, com toda a sua força, disparou a porta de aço na direção do guerreiro e já muito próximo do oponente, ainda correndo, se posicionou para desferir muitos golpes com a barra metálica e também, socar seu inimigo até a morte.

Ao ataque da fera, jogando a porta em sua direção, victorious, sentado no degrau mais alto daquela velha escadaria, calculou, e apenas deixou a porta de aço passar a milímetros do seu rosto, se chocando com uma pilastra ao fundo. À barra de ferro, o Anjo teve que conter com seu antebraço, enquanto a fera lhe socava o estomago. Victorious era forte e ligeiro, já havia vivido infinitos combates, mas aquele monstro era faminto por sangue e seus quatro braços não paravam sem antes destruir o oponente, uma cabeça tentava abocanhar seu inimigo, enquanto a outra, tentava abate-lo feito um búfalo que usa o crânio para abater adversário. Mesmo o combate tendo tanta intensidade, o gigante Victorious preferiu não usar sua espada naquela criatura fétida e nojenta.

Victorious, esperto e ágil que era, após tanto levar porrada achou uma brecha e socou um dos queixos da fera agressiva. E dessa forma conseguiu por um momento reverter o quadro desfavorável, chutou, socou, girou e protegeu... A fera que parecia não cansar ou sentir dor. Agarrou o Anjo e tentou esmaga-lo com seus tantos braços. Victorious, preso, conseguiu escapar as mãos e unindo-as, desceu-as num golpe em uma das cabeças da fera, mais parecia uma marreta, o golpe do Anjo. O monstro titubeou por um instante, mas lembrou-se que ele tinha mais uma cabeça, por essa razão, de imediato começou tudo de novo, e com muita força jogou o anjo pra cima de uma meia parede, a uns trinta metros dali, como se seu inimigo fosse leve feito pena. O monstro arremessou a estaca de ferro que tentara agredir o anjo, minutos antes, Victorious desviou da estaca feito um raio, o monstro pegou mais uma barra de aço dos escombros e se lançou no ataque, o anjo defendeu usando a estaca e em seguida, golpeou com toda a sua força, a perna da fera, que mesmo sendo muito protegida por celulas músculares modificadas, quebrou-se imediatamente, incorrendo numa fratura externa, que só não arrancou a perna da besta, devido as fibras dos músculos não terem sido rompidas por completo, fazendo a fera berrar bem alto. Victorious sentenciou o inimigo: “alma... você e seu líder não fazem ideia do que é isso, não fazem ideia do que a alma em parceria com o coração pode fazer. Você não ‘vive’ e por essa razão também não faz sentido existir!’’

Dessa forma, o Anjo guerreiro do criador pegou a barra de ferro e cravou no coração da fera que pulsava na esquerda, trespassando todo o corpo, o monstro cuspiu vermes de dor, mas com três dos quatro braços a fera tentou, sem sucesso, por falta de força, tirar a barra de dentro do seu corpo. Imediatamente o gigante victorious buscou a estaca de aço que o monstro acabara de usar contra ele, o anjo guerreiro nem mesmo quis se aproximar da fera, lançou com maestria e força, a estaca de aço que pesava seus mais de quarenta quilos. O objeto metálico voou para decolar no segundo coração, que pulsava acelerado, parecendo já prever seu fim. A fera que tinha a missão do armagedon de Hitler, berrou alto, antes de explodir em gosma verde.

Victorious, só então, notou que o embate era acompanhado a distancia por militares ‘aliados’ que mesmo não identificando o anjo guerreiro como um aliado – o que relmente não era – extasiaram-se de euforia, pois da fera, tinham a certeza de que era cria de Hitler. O anjo guerreiro, sem dar importância para os mortais combatentes, fez suas asas ‘rasgarem’ o dorso e voou, levantando poeira do solo causando espanto e admiração na tropa terrena.

O voo do gigante victorious tinha endereço certo, ceifar a vida de Hitler. Em minutos o Anjo já estava em Berlim, feito um projétil, a criatura voadora veio por trás do conjunto de prédios do exército alemão nazista e, quebrando as vidraças, paredes e portas, aterrissou bem na sala de reunião, no alvoroso dos mortais não notou a presença do Fuhler, mas da janela de onde estava, o avistou, sendo saldado e bajulado por sua corja de militares sem escrúpulos, no pátio principal. Victorious que ainda não tinha tomado forma ‘humana’, bateu asas e disparou num razante para o pátio.

Hitler sentiu sua aurea, sacou sua pistola e disparou, apenas para afrontar o anjo e desviar seu percurso. Victorious pousou, e, andando, seguiu em direção ao ditador sociopata. Todos os soldados miraram seus rifles imediatamente para ele.

- quem você pensa que ééé – gritou o ditador, sentindo-se o dono do mundo.

- acabou pra você – simplório, sentenciou o anjo.

-matar quem já estava morto – a fera, referia-se o Hitler – não faz de você um ser supremo, muito menos suas asas. – é questão de tempo para tê-las penduradas em minha sala de estar – ameaçou.

- você pagara pela morte de cada homem, mulher e criança, cada civil inocente que você matou, hoje você paga essa divida com sua vida – sentencio o Gigante voador.

O anjo guerreiro deu inicio a batalha, correu para atacar o covarde ditador, que sem escrúpulo nenhum se dirigiu para trás do seu batalhão, que entendeu a afronta, e assim, iniciou-se o conflito. Tiros por todos os lados e no meio deles o gigante Victorious, que girava e saltava, usava o próprio exército de Hitler como escudo, socava e chutava e em nenhum momento viu necessidade de usar as armas de fogo dos mortais para reverter a vantagem numérica dos soldados nazistas. Depois de abater cerca de setenta soldados num rápido instante de tempo, pode notar que Hitler pretendia fugir, então o Anjo saltou alto e pousou a dois metros do tirano. Hitler sarcástico, como de costume, sorriu, antes de franzir a testa e se irritar com a persistência do anjo guerreiro.

- te darei o que todo herói procura, uma morte digna. E abrindo seu casaco tornou visível seu segredo, a razão da sua ironia, havia, presa ao seu corpo uma pequena bomba de nêutrons, ou como ele mesmo dizia – a morte silenciosa. E também alguns explosivos que fariam um belo estrago em um determinado raio de distância.

- tive o capricho de mandar espalhar algumas dessas por toda a Europa, então todo cuidado é pouco, ‘’guerreiro do criador’’ se não, você volta mais cedo pra ‘casa’ – ameaçou franzindo a teste e sendo sarcástico.

A bomba termonuclear, interligada ao dispositivo do tirano acabaria com a Europa em minutos, e esse não era o plano do guerreiro. Victorious tinha que agir imediatamente, antes que o sociopata decidisse apertar o botão que acabaria com a vida de milhões de organismos vivos, tornando aquele ato, mais cruel que ‘Hiroshima e Nagasaki’e mais cruel que o seu próprio Holocausto em curso. Sabendo disso, o gigante voador, concentrou toda a sua energia, algo que nunca precisara fazer em milênios vividos, ninguém ao redor pôde notar que o Anjo guerreiro explodia em chamas por dentro de seu avatar. Então, numa pequena fração de tempo, Victorios disparou, seu empuxo afundou o solo ao redor de seus pés. O gigante dos céus, agarrou Hitler antes mesmo dele pensar em disparar o dispositivo mortal, os dois, subiram em uma velocidade invejada por foguetes criados pelos homens, os soldados nazistas não foram capazes, sequer, de terem a percepção do momento exato para dispararem, só o que os mortais puderam ver, foi o rastro de fogo ascendendo ao céu.

Quando Hitler se deu conta do feito de Victorious, raivoso, histérico e sarcástico, louco que era, Hitler não titubeou em apertar o dispositivo, e gritando para o globo azul que estava embaixo de seus pés, disparou:

- morramm, seus moribundossss, vão todos para o infernooo! – e foi assim que o Fuhler deu sua última ‘’contribuição’’ à humanidade, carente de lideres sensatos e sensíveis às dores do próximo.

Hitler apertou o botão... mas nada aconteceu, a pressão atmosférica, a temperatura que atingiram, devido a alta velocidade, tudo isso e um pouco de cada, contribuíram para que o dispositivo eletrônico e remoto, perdesse seu alcance ou funcionalidade.

- o queeee??? Nãoooooo!!! Miseravelllll!!! Você vai me pagarrrrr!!!

- creio que seja um bom momento para se revelar... pois a troca de atmosféra, junto com o calor gerado por minha velocidade e energia liberada, fará isso naturalmente, queira você ou não, filho do mau - sugeriu o Anjo guerreiro do criador.

Uma pena que conforme profetizou o criador “... meu filho, talvez seja a hora de você voltar, vejo a dor que cresce em seu coração, conforme passa o tempo e as gerações se distanciam de nós...”

Assim, conforme queimava a pele do avatar na terra, Hitler se revelava um anjo das trevas, - o que já era imaginado por muitos humanos sensatos na terra - a pele viscosa, dava lugar aos ossos e tecidos rompidos, até que o dorso se rasgou no tecido muscular, revelando, assim, suas asas de cor cinza grafite, sua voz deu lugar a um som horripilante, e então no último segundo, o que beirava suas mortes, o louco, sociopata e tirano, anjo das trevas, se definhou acompanhado de um grito desumano. A dinamite em seu corpo não resistiu e catalisou com o forte calor, e junto à bomba termonuclear, reagiram em uma imensa explosão, assim, dizimou imediatamente o anjo mau, que por natureza era mais fraco que seu ‘algoz’.

A bola de fogo no céu foi vista em todo o globo. A energia liberada, jogou Victorious, o Anjo guerreiro, para longe no espaço vazio. Tendo usado toda a sua energia para voar com o tirano para longe, o mais rápido possível, salvando parte da humanidade, Victorious não resistiu a explosão, mas antes de desvanecer reuniu forças para falar ao pai:

– Senhor, está consumado, o braço direito do anjo da escuridão, não mais existe! Anseio em meu coração, pai, que esta seja aquela, que foi profetizada outrora, como sendo... A geração que não passará!”

...

O corpo do gigante voador começou então a despencar na vastidão do céu, que se dividia entre cores quentes devido a explosão e, cores frias devido a calmaria do universo não habitado. Mas antes que seu corpo se despencasse por completo, sua luz, que mais parecia um cometa vindo socar a terra, apagou-se, sendo, então, devolvido ao pai. Deixando de existir e vindo a ser memória, para quem sabe ter em breve... o privilégio concebido por seu criador e restrito à humanidade, que é uma dança com a eternidade.

Fim.