Conto 1
Victorious e a batalha contra um Deus na terra
Victorious e a batalha contra um Deus na terra
O mar – Mediterrâneo -
revolto, apunhalava a proa do navio. As ondas eram vencidas pela invenção do
homem, mas não vendiam fácil a derrota. Enfurecidas pela visita do homem
terreno, insistiam em golpear o navio, colidindo conosco, feito um búfalo de
800 quilos, da Savana, na África. Eu não olhava para o mar, só ‘via’ os muros
de Babilônia, mesmo ainda estando à quilômetros. Meu coração, literalmente,
pulsava em minhas mãos, dando o sinal para minha espada – é chegada a hora, Superbia Avaritia, darei a você o sangue daquele que
se põe no lugar do altíssimo, você se banhará com o fluído cor de escarlate do
que se diz ‘Rei dos Reis’, você dormirá nas entranhas de Nabucodonosor -.
O navio mal atracou e
flechas cobriram o céu, fizeram do dia, noite. E como um casco, nossos escudos,
juntos, nos protegeram, e quando parou de chover pontas de ferro fundido,
‘voei’ feito um águia e com uma de suas flechas, me apresentei, cravando-a no
crânio de um babilônio arrogante.
Após devorarmos o
primeiro exercito babilônio, que nos recepcionava à quilômetros do palácio de
‘vossa majestade’, partimos ao encontro de uma nova embarcação, agora,
desceríamos pelas águas do Rio Eufrates, este nos levaria até os muros daqueles
que dormiam o sono da glória...
O capitão e os outros
soldados escolheram por atacar à noite, era óbvio que optariam pela ‘zona de
conforto’, mas não Victorious, eu não sou um salteador para atacar ao
anoitecer. Por isso deixei que afogassem em seu próprio sangue, pois eu queria
afrontar a glória de Nabucodonosor à luz do dia, queimar seu trono, tirar-lhe a
vida diante os olhos de seus bajuladores, os babilônios temerão a minha espada,
babilônia ‘a grande’ se curvará aos meus pés, bem onde se encontrará a cabeça
do seu ‘Deus Rei’, o homem que me tirou tudo, terá no seu fim, um espetáculo
público!
O sol não mais dormia
quando me apresentei ao palco do meu destino. O cheiro de sangue era agradável
aos meus sentidos, de guerreiro. Escravos fugiam... Sentinelas, arqueiros, uns
em combate, outros, já combatidos... Ao meu redor tudo ‘parou’ por um instante
de tempo, se tornando um cenário totalmente inanimado, enquanto eu fitava os
olhos no palácio, - ele está lá, posso
senti-lo, sinto também que estou sendo observado, isso é bom, realmente, muito
bom! –
Entre cravar a espada,
golpear com as mãos, escudo e flechas, cheguei ao topo da ‘fortaleza’, onde
sinais dos sete pecados capitais eram vistos a todo o instante... Mulheres nuas
fugiam... objetos supérfluos, todos em ouro e prata, Deuses pagãos...
Os doze guardas reais
foram ‘pulverizados’ por minha brutalidade e sede de vingança. Não perdi mais
do que um sexto de hora mandando-os ao sheol. A porta de madeira era
gigantesca, toda entalhada à mão, nela havia figuras bizarras, mais pareciam
criaturas híbridas ou Deuses não revelados aos mortais... Como repúdio, cuspi
em minhas mãos antes de empurra-las com muita força, fazendo-as baterem,
derrubando a mobília ‘imperial’, que decorava as extremidades da gigante porta,
já dentro do recinto.
Lá estavam... senadores,
bajuladores, políticos, conselheiros, um general – patente alta -, concubinas e
serviçais... Bem como meu extinto de, agora então... um ‘guerreiro assassino’
preverá...
- Eis a minha
plateia...! – ironizei.
- A dizer pelos
estereótipos, creio que nenhum de vocês seja Nabucodonosor, ‘O Rei dos Reis...
’ ‘O Deus Rei...’ Talvez já existam outros títulos que representem o tamanho da
insanidade de ‘Vossa majestade’, mas confesso não me recordar...
Com este pequeno
insulto ao ‘adorado Deus-homem’ – que ainda se encontrava de costas para todos
os ‘convidados’, eu me apresentei... - aos que não me conhecem, sou Victorious,
e não é por nada que recebi esse nome – Vitorioso -. Assim, girei rápido, me
abaixando, com minha mão direita peguei uma lança caída da mobília que
derrubei, então, em um golpe de velocidade, maestria e habilidade, lancei... e
a ponta de aço dormiu na jugular do General, causando alvoroço na plateia de
horrendos bajuladores, mas sem nenhum efeito sobre o Rei da arrogância
Nabucodonosor, que por mais alguns instantes permaneceu na sua vista para a
carnificina que se instalava lá embaixo, nos muros da cidade.
Então, virou-se para
mim, sua expressão era fria e isso era tudo que almejava, não havia medo em
seus olhos, e isso era tudo que eu ansiava...
- Ao que percebo, seu
eu deixar sua cabeça rolar até os portões de entrada, acabo com esse pequeno
insulto de vocês, você é o jovem que lidera essa baderna, creio eu. Por ter
chegado até aqui, sozinho ao que me parece, merece uma morte digna, ou se preferir
posso lhe estender minha misericórdia e lhe oferecer um cargo dentre os mais
altos escravos, serviçais ou quem sabe até ocupar o posto desse general que
você acabou de abater, basta você se curvar perante o Rei-Deus Nabucodonosor. –
ofertou o Deus homem.
- Não sou as terras
que você ‘conquistou’, tão pouco me curvarei ao homem que irei matar dentro em
breve, e é uma pena não ter tantas opções para lhe oferecer, sendo assim, só te
resta uma morte ‘digna’, que tal se eu descer essas escadarias com seu cadáver
se arrastando pelo mármore oriundo do suor de escravos? Talvez isso... acabe
com essa bagunça!!! Afrontei o Deus-homem.
- ‘Insolenteeee’, eu
sou o glorioso Nabucodonosor, Rei dos Reis, eu conquistei o ‘mundooo’.
Esbravejou.
- Não há glória
debaixo dos céus que dure para sempre. Afirmei.
Empunhei minha espada
e parti em disparada... saltei feito águia, ele, com muita habilidade, rolou
por baixo de mim, enquanto minha espada encravava o trono fétido do Deus-homem,
sua espada riscava a couraça de aço e couro que protegia meu peito. Qualquer
outro guerreiro temeria por sua vida, mas não Victorious! Eu... sorri,
apenas... sorri!
- O riso também pode
denotar medo, jovem, sabia disso? Lançou a semente do medo no ar,
Nabucodonosor.
- Essa ‘regra’ não se
aplica a mim, não a Victorious! Devolvi a semente do medo ao Deus-homem.
Feito um leão faminto
vi em meu oponente, a presa, nossas espadas se engalfinhavam, soltavam lascas e
partículas de metal, imperceptível aos olhos dos mortais.
- Garoto, você morrerá
por sua afronta, orgulho e arrogância. ‘Profetizou’ o ‘Rei dos Reis’.
- Se isso não matou
Nabucodonosor, o que se julga ‘o Deus-homem’, tão pouco fará à Victorious, seu
algoz. Poupe suas palavras, talvez queira usa-las para implorar minha
misericórdia. Conclui.
Posicione-me de um
modo que mais fazia lembrar um guerreiro da dinastia Zhou, da velha china. Com
uma perna semi-flexionada e a outra pronta para me dar o empuxo para o golpe
final, feito um guerreiro samurai, mentalizei o ataque, canalizando toda a minha
energia vital para a empunhadura da minha espada. Minha espera estática foi uma
afronta para o orgulhoso Rei. Ele correu em minha direção feito um leopardo
jovem. Somente aguardei. Foi então que o Deus-homem decidiu que o ataque seria
aéreo. Nabucodonosor voou feito gavião. E com sua lendária espada, desceu feito
um raio, visando crava-la em meu crânio de tanto ódio à minha afronta.
Eu continuei parado,
frígido e calculista. Então numa fração de segundos senti no ar, no olhar dele,
que Nabucodonosor, que se julga um Deus, estava flertando com o medo. – Porque ele não se move? Fez tudo isso para
ser apunhalado tão facilmente? Esse rosto não me parece familiar... espera, não
pode ser? Pensou o conquistador do mundo.
Quando Nabucodonosor
desceu com sua espada empunhada para baixo, eu esperei, saltando para trás, até
que sua lamina, que mais parecia diamante, beijasse minha face, riscando
superficialmente meu rosto... nesse exato momento, já no alto, passei minha espada
por trás do meu dorso, levando-a da mão esquerda para a direita, e então cravei
sua primeira metade na espinha do Rei do mundo.
Enquanto, ele, ainda
no alto, ia caindo, eu me projetava para cumprir minha missão na terra, quando
fui interrompido pela agonia do Deus-homem.
- Quem é você
guerreiro?
- Já me apresentei,
sou Victorious e isso lhe basta!
- Então por qual razão
você me apresenta à morte?
- Você ‘Rei dos Reis’,
me tirou a vida quando arrasou Jerusalém - 586 a.c -, ela só tinha três anos,
somente três anos! Você, pessoalmente esteve lá, ateou fogo na ‘cidade’.
- Não consigo me
lembrar do seu rosto, e eu nunca me esqueço de um semblante sequer, ainda mais
um rosto igual ao seu que mais parece aqueles jovens sonhadores que dá nome as
suas espadas, agora me lembro de sua filha, seus pais... Como poderia me
esquecer se imploraram por minha misericórdia! Enquanto lançava seu orgulho aos
quatro cantos daquele recinto, de sua boca jorrava sangue.
- Eu viajava com uma
caravana que trazia alimentos para todos, no fatídico dia, por isso não me
recorda, mas não seja por isso, aqui estou eu!
- Helena... esse era o
nome dela e depois da perda da mãe no parto, ela, junto com os avós, era tudo
que eu tinha...! Ah, e sim, essa mesma espada que dorme nas suas entranhas tem
nome... Superbia Avaritia! E assim, pela sua Soberba e Avareza, acaba hoje o seu
reinado!!!
Sem dar mais chances
ao Deus-homem, rasguei sua espinha de fora a fora, feito um animal, pois foi
nisso que o homem me transformou... Foi nisso que a injustiça terrestre me
transformou, em um... animal! Pois quando lhe tiram tudo, não existe sentido em
ser mais um... humano!
...
Pois bem, como não há
glória debaixo do céu que dure para sempre, aguardarei pelo meu quinhão, no
juízo final!
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