O cântico dos guerreiros (Chapecoense)
“A covardia de um único homem, não lhes permitiram a última
prece, o agradecer... Não puderam pensar em seus maiores bens que os esperavam
de volta. Dadas as circunstâncias lhes tiraram a vida e a dádiva que temos de
consultar nosso próprio oráculo, chamado de memória. Dadas as possibilidades,
ainda lhes tiraram aquela última lembrança, talvez a do filho no colo, a do
beijo da esposa, aquele lampejo de memória da prosa com o pai, ou cheiro
carinhoso na mãe...”
...
De repente o mundo se ouviu cantando “vamos vamos, Chape!
Vamos vamos, Chapeee!...” então, voaram para ganhar a América, mas no pouso
ganharam o mundo, visto de outra dimensão, longe, muito longe da nossa
compreensão. Aquele futebol de garra, fibra e entrega, deixa saudade, foram-se
vidas, sorrisos, amores e amizades!
A mais triste das tragédias que sua geração acabou marcando.
Uma vez ouvi dizer: “Ah, sim, Deus é brasileiro!” Pois te digo, não! Sei que
Deus, hoje é colombiano! Pois não teríamos a decência e nem a honra que
tiveram, pois nossos governantes corromperam os seus valores pelas cifras que
quiseram. O homem que lidera essa nação exige as honrarias, prefere que se
ajoelhem, a honrar as pobres famílias.
...
A temporada estava no fim, bem diferente dos ânimos, que se
exaltavam em alegrias. As paredes dos vestiários não suportavam as cantorias e
assim as deixavam ir, e os cânticos dos guerreiros tomavam as ruas de Chapecó,
e sem adversários que os parassem, fizeram seu canto ecoar pelo país, cantando
numa voz só.
E se ainda te disserem que as paredes têm ouvidos, sim,
concorde, pode crer. Pois, é graças a essa verdade que o mundo, entre a lágrima
e a emoção, entoa o cântico dos guerreiros: “ vamos vamos, chape! Vamos vamos,
Chapeee!...”
...
Já no pássaro de aço, em algumas fileiras, uns sorriam feito
crianças, contagiando até os ‘sérios’ da liderança... Três fileira à frente, o
fone era companhia, ao lado de outros que escolheram a prece pra Deus, um Santo
ou Ave Maria. Se não me falhe a memória tinha alguém beijando a foto da filha,
enquanto outro ao lado, beijava era toda a família. Se sentiam orgulhosos de
onde haviam chegado, e não importa o que acontecesse, já eram os campeões antes
mesmo de terem jogado.
A vitória vem da união, o gol não é feito com o pé, é
chutado pelo coração. E... passe o tempo que passar, aconteça o que acontecer,
a pele sempre vai arrepiar, o coração sempre vai disparar, quando a torcida, o
cântico dos guerreiros cantar... “ vamos vamos, Chape! Vamos vamos, Chapeee!!!”
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